23.7.09

A emboscada

Eu sei,
você esteve aqui,
há tempos, muito tempo, em seus olhos
e nos esbarramos mais uma vez.
Tudo deveria estar em seu lugar,
mas a desordem em que deixamos o todo,
nos fez voltar aqui hoje.

Eu não quis,
você por irreflexão, ou reflexão absoluta, admitiu
e a lua se fez cheia pra preencher o nosso minguante.

Mas o nada se fez alvoroço, confusão,
e mesmo sem ter o que ofertar,
por criação da mente, personifiquei você,
a inquietação se fez impertinência e gerou o impulso.
O domínio se instalou sobre o instinto
e por submissão absoluta, a entrega.

Intuir você,
intencionar, desejar, permitir...
a qualquer tempo, em qualquer espaço,
só por invenção.
Dia, hora, minuto, segundo...
Passado, futuro, dimensão temporal, proporcional,
que me trouxeram para o agora
e o resto é retórica, ilusão...

Ninguém precisa saber o que eu sei.
E mesmo sem me dar, sem te ter,
tudo se compromete, se confunde, enrosca as pernas
tudo sente, tudo mente, tudo diz ...
noite a fora, outra lua, mão inversa...
sem tempo, sem razão, sem intenção,
o que fica, o que passa,
por acaso, por paixão...