20.12.10

Uma menina que não tinha nome e nem tamanho

Conheci uma menina que não se chamava,
que pintava o sete, que pintava telas,
desenhava o mundo, mas não tinha nome.
Gostava de se fantasiar de lua, de rua,
de verdade, nua e crua.
Era assim...transparente, mas quando o sol batia refletia cores,
como o arco-íris depois da chuva.
A chamavam "LIBERDADE", tinha sete vidas e muitos amores.
Como bolinha de sabão dançando no ar,
era de veneta, e não sabia não amar.
Amava o lado de dentro, o vento e também o lado de fora.
Por ali aos arredores, tudo era seu,
o verde da mata, o azul do céu e até Deus.
Amava as suas dores, o caminho e as suas flores.
Era imensa, intensa, assim do tamanho do mar,
do tamanho do ar entranhando os pulmões.
Era dessas pessoas que não tem fim, também não tinha começo,
tudo nela era meio: meio de chegar, meio de existir, meio de ficar.
Mas não sentava no meio, ah isso não! Era desconfortavelmente apertado!
Gostava da janela, vento na cara e de espaço pra estar.
Também não se contentava com o meio de caminho,
ou era mais, ou era menos. Nunca mais ou menos!
Assim, estava sempre nos extremos:
extremamente sofrendo, extremamente sentindo, extremamente querendo.
Deveria se chamar "VIDA", a tal menina, porque estava simplesmente vivendo.

8.12.10

Se é assim...

Tolices, caminhos, descreditos, fim.
Todos os caminhos levavam ao fim.
Tão fácil! Simplesmente assim.
As aceitações, as faltas de opções
e as faltas,
as não tentativas,
fim.
O caminho mais fácil, sempre e nada me fazia acreditar,
sempre seria assim.
Ausência da vontade de mudar,
deixar tudo pra lá.
Pra que tentar?
Que sentimento?
Então só finalizar.
Deixar de ser
fim.

8.9.10

O que restou

Esperei, te esperei e no momento certo,
você.
Te plantei e esperei e cuidei...
É como se um filho, a revolta, é como se o mar
e quase me afoga!
Te observei e reguei com as lágrimas da chuva
e o tempo a mudar.
Assim quando o fruto se fez, por mais de uma vez,
te esperei
e a ausência, foi o que soube me dar.
Você não esteve lá.
A estranheza das entranhas e do peito e do feito,
não pude conter, não pude me esconder,
mas nada te fez estar.
Nem a dor, nem o nó, nem o coração no peito,
não houve esconderijo, nem o seu colo, nem o leito.
Pensar em mudar, em sorrir, desatar?
Em você, nada pra reconfortar.
Não houve um só lugar que eu quisesse estar
que não os seus ombros pra chorar,
os seus braços para me alentar
pedi por seu olhar,
você não pode dar
nunca mais esteve, fugiu de mim,
fugiu pra onde?
Não pude,
não pode mais se encontrar.
Seus cuidados, nunca os tive
e assim foi morrendo, fui morrendo e vou morrendo
uma vez por suspiro, a cada vez que respiro,
mas morre comigo você e a tristeza que vou enterrar
E da nossa colheita, só restou o que soube plantar em mim,
o não amar.

7.9.10

Aonde o sonho é meu

Ali o mundo é meu
e eu sonho cores,
não há sofrer
os anjos são brancos e negros
e por um segundo,
um voô dourado
em um azul de céu e mar.

Ali o sonho é meu
e eu sonho você
com as cores que eu pintei
e são tão lindas
que protejo do orvalho
para que sejam para sempre as cores que sonhei

Ali o sofrer é de amar
e o amar é real
e o real é se dar
e a gente se encontra
e não me deixes mais

Ali anjos de todas as cores
que nas asas as dores
afastam pra lá
e eu não preciso acreditar
que você não vem
que você não está

Ali no instante do segundo
sei o que eu quero ser
e te digo o porque
por que não sou igual
e isso não me faz mal
onde o sonho é meu
eu posso acreditar
que ser feliz é só natural

Ali voando dourado
eu só não quero ser
quando tudo nascer
só mais um a sonhar
eu quero acreditar
que não preciso me conformar
que eu posso sentir
que tenho asas
e posso ir te buscar

Ali aonde tudo é azul
o céu termina
e se encontra com o mar
é lá que eu vou te encontrar
é lá que eu quero acordar!

A pausa

Preste atenção ao que eu não digo,
saiba a canção mesmo que eu não a cante.
Na pausa da respiração, o silêncio.
E quando pintar a loucura,
tempo...
pra não perder de vez a sanidade.

Esquinas

Nunca soube ser feliz,
me esgueirei a passos dados para não esbarrar com "ela",
eu andei na boca do inferno e agora só sei ser o q é sombra,
a luz me faz doer os olhos e eu só quero continuar aqui deitado,
para que tudo passe mais rápido,
para que a vida se esvazie tão logo possa,
para que eu continue respirando pouco ar por vez,
toda essa vida e esse sentimento vasto,
não, meus pulmões são fracos
e meu coração não aprendeu a bater acelerado...
Aqui demasiadamente vazio, vendo o amor se esvair,
não me esforço, nada busco, vou trocando de esquina sem deixar nada de mim,
assim não me perturbem, vocês não sabem o que dizem. Vou passando.
Minha mente ainda resiste e me faz sofrer demais,
então eu ainda vivo e escrevo pra que a loucura me sustente.

Você vai saber

Vou bradar aos cantos como vai a minha vida,
vou dizer que fiz e fingir se não fiz,
vou contar e você vai saber, mesmo sem querer
que eu vou bem obrigada!
Omito as noites frias e ao sol nascer
todos vão ver o belo sorriso que sei estampar.
Vou escrever histórias para propagar o meu dizer
e se eu escrevi, vai ser assim ...
porque o roteiro é meu e nesse campo,
quem joga pra perder, está do outro lado.

22.7.10

saber viver

Enquanto você não esteve, não consegui refletir
só queria diminuir os espaços.
Tive medo de mim e de você, mas não havia o que,
tudo era só o momento da ausência. De que?
Tudo tão bom na presença.
Saber lhe dar com o meu gostar, me permitir receber.
Era eu, ali constituída de vento e bolinhas de sabão,
Pouco palpável, mas era eu estendendo a mão e aceitando,
era tangível, era fato, era ato.

E você estava a me dizer gracejos e tirar sorrisos
e as tais borboletas no estômago
e os seus achegos, a nossa respiração.
Pra que dificultar? Porque Machado já dizia: "os espinhos têm rosas."

A queda

Por vezes, a venda nos olhos quando retirada,
revela o que você podia pressentir mesmo enquanto atada.
E que os laços afrouxam, isso se aprende desde criança
e mesmo assim corremos com os cadarços desatados.
Corremos tanto contra os riscos do desconhecido.
E a queda.
Crescemos e continuamente, corremos...
E caímos!
Mas é assim, senão como aprender a levantar?
Quando lembramos de olhar os laços e estão frouxos, a lágrima, a criança, a queda...então choramos.
Mas e a venda? E a vida?
Sim! A ingenuidade, perdida!
A emoção, os laços, a criança, agora olhando pro mundo, pro caminho,
agora correndo, com medo dos riscos, do desconhecido.
A queda...e continuamente, corremos...

7.7.10

Deixo dito

Ei, acho que perdi, perdi sim,
não sei bem aonde e nem quando.
Troquei? Dar seria demais!
Era meu, não era de ninguém! Não tirei de ninguém!
Não sei qual a utilidade se encontrarem,
mas também não é coisa que se devolva,
ou simplesmente de volta ou espaço vazio.
Também deixo dito: - Não escrevo mais!
Qual a graça da escrita pela escrita,
sem inspiração, sem intuição,
sem respiração, sem transpiração.
Não, não quero mais!

Encontro

Dia desses me lancei , me deixei, me joguei no mar.
Pra sentir o sal, perceber o sol e o marear.
Pra deixar lavar, a alma quarar, a mente aquietar.
Eu rodei na areia e arrastei a saia até serenar
e te percebi, a me refletir, a me desejar.
Quando a lua viu e tirou a minha vida e a sua pra bailar.
Hoje o dia vem e a noite vai e eu só sei rezar,
peço a Deus do Céu pra que não me tire desse seu olhar.

1.7.10

Pra que juízo?

Não consigo saber desencontro, onde te encontro
e nesse encontro tudo é verdade,
até quando calas os nossos olhos, janelas das almas, falam!

O ar me falta quando há ausência,
e na presença quase sufoca.
E se me tocas perco o juízo e não quero mais achá-lo.

16.5.10

Sem abrigo

Todas as coisas
só são, quando te sinto
mesmo sem você estar
anjo e demônio
belo e sujo,
a visão mais linda
e eu te amei.
As setas indicaram rota
me vi no espelho das suas águas.
Eu ali naquela desconstrução
cada disfarce, suas palavras, meias verdades
você, o abismo aonde joguei a máscara
primeira queda, sem promessa de abrigo
água e sal e já não era mais dor
engoli a seco agonia e ansiedade
Então nada é só bonito,
é também feio, é mal acabado
deixa vir à tona, raiva,
para ser a primeira essência.
e no silêncio da solidão
despir a alma, vestir a calma
por os pés na terra e saber
que agora é hora
da gente ir...

1.5.10

Qual rosto na foto?

Estive lá quando os ponteiro marcaramm a hora
a ausência, eu e
no vazio de dois
resta um...
Nas badaladas corri
quase morri, chorei,
gritei aos cantos, quase enlouqueci.
O coração na bandeja, um troféu na estante e
uma foto em preto e branco
pendurada na parede
desgastada pelos anos,
nela eu e um rosto, um gosto
e o cheiro que tomou conta do local.
Tudo me trazia um passado tão presente
nos olhos lágrimas embassaram a visão
torpe olhei a foto
vi que sumia eu também.
Uma lágrima solitária
percorreu a pele clara
uma dor cortante e uma certeza
tudo estava fora de mim
Já não era mais meu,
nem era mais eu!
Aonde estavam os traços, as marcas?
Nos arredores, nada era familiar
e o amor que rondara
agora a me agoniar, caiu do peito e quebrou
Pode ir embora a alegria
deixo ir a beleza dos dias
e o acalento das noites
não vou mais ficar
nem é meu este lugar.
Se não posso fazer recomeçar
tocar-te com as mãos
a como eu quis poder...
não permitir a partida,
Se já não consigo lembrar qual rosto na foto
todo passado parece
ter sido apenas sonhar
e tudo o que era paixão,
assim como tudo que era belo,
antes que eu ensandeça
faça Deus que desapareça...

28.4.10

Amor e Ódio (Carlos Lyra e Aldir Blanc)

Ai, adolescer e transmorrer na fonte!
Ai, não perceber a inevitável ponte...
Ai, não ver o dia feito uma doença.
Ai, não precisar de ilusões ou crença.

No fim da noite, um muralhar de rio...
No entardecer, elevação de missa...
Só ver da onça o ouro fugidio
E não sentir o cheiro de carniça.

O que foi vivido está comigo
vivo e sem olvido

O que está vivido está comigo
e me rejuvenesce

O que foi vivido
faz de nós agora o que nós somos...

...Enquanto que a sombra
do que nós seremos se aproxima e cresce

O que foi vivido
fantasia a morte e o riso apodrecido

O que foi vivido
faz de nós dois jovens de amor perdido

Ai, como era bom quando a indescência
Era carnaval
E a mentira transformava em aventura
o que era funeral
Dê-me o braço da lúxuria,
Antes que se apague a nossa contra-dança

Antes que se apague a nossa contra-dança

Ai, canções de amor e ódio
São adagas cravejadas
São adagas cravejadas de vingança

Game Over

Nunca mais me vi em ti, não me quis sem mim.
Não me vi sem ti, mas não te vi mais...
Como eu dissesse a mim, não te quero mais,
mas como eu queria, há poucos minutos atrás.
Ah, como somos estranhos a nós mesmos, não é?
Há um tempo eu me conhecia e hoje
eu te vejo e já não sei bem mais
se é você ou me vejo refletida em ti
se são aguás passadas ou torrenciais por vir
como se eu pudesse te tirar daqui e não pemitir
o que você me faz e ainda o que não faz.
Não te vejo mais, você passou tão rápido
que não lembro se senti ou pressenti
mas não te permiti e não te desculpo pela minha fraqueza
ou pela sua franqueza, qual foi mesmo a ordem?
Não me lembro mais!
Não tenho as perguntas, me destes as respostas
que não fazem mais sentido, desordem.
Não me tocam, não me toques, não nos tocamos mais.
A música passou. E a letra? Não recordo mais.
Em meus ouvidos você, a melodia e a sua língua
que não se traduz, que me faz sentir,
que não posso mais. Não suporto a sua presença,
ou a sua falta, ou a indiferença, ou a minha crença,
nessa ausência de encontros, perdi a alma, pedi por calma,
sofri na palma, e nas suas mãos, me deixei, me perdi.
Não te vejo mais, não acredito nas palavras soltas ao vento,
sem tempo, espaço ou condição, ou contra-mão, ou direção,
ou sem razão, sem emoção, contradição...
Você se vestiu de sombra enquanto eu brilhava
e quando eu me vi já era tarde, estava escuro, fazia frio
e você nunca esteve, não passou. Não existe, não exite!
Fora daqui! Dentro do mundo, fora de mim, fora de si.

Essa moça? Desconsidero!

A ilusão, o sonho da moça?

Desconsidero!
Depois, ela nem era tão moça assim
e ainda gostava de contos. Faz -me rir!
De súbito lhe consenti e de pronto me fizera gelar,
entrará em contato com a minha realidade!
Outro dia ela mudou os móveis de lugar,
acreditava que uma nova ordem se instaurara
mas lhe arranquei as roupas do armário e as espalhei pelo chão
ela então me fizera enraivecer
dançou sobre as roupas e como louca,
se vestiu de fada. Quis voar!
Bruscamente lhe gritei palavras sórdidas e desconexas,
Tomei-lhe o roteiro e o rosto nas mãos:
- Aqui eu brinco de Dono do mundo!
Não engrandeça, não ensandeça! Esse personagem não lhe fora concedido!
Enquanto isso pensava desejosamente:
- docemente arredia "a moça"! Será que me enganava? Será que me amava?
Desconsidero!
Sigo atrás da negação.
O amor é banal, cartas de amor são ridículas,
esses sentimentos me tiram as rédeas! Longe de mim!
E ela com esses modos de moça tosca...
bela, linda, clara...e tola!
Sem saber do perigo que rondava, brindava em taças de bolhas de sabão,
silenciava o torpor e me assistia ser, me permitia...ela queria estar ali!
Mas não me pediu pra ficar.
Tirou-me pra dançar, encostou a sua pele na minha, se achegou ao meu peito
e ronronou longamente em delírio manso.
Desconsidero!
Não me venha com flores e desvelos
são mazelas do seu enrede
ela sempre faz isso em meio ao caos anunciado, fingida!
Olha-me nos olhos e dissimula paixão
e quando não tem o que quer esperneia como menina mimada
Eu? Desconsidero!
Fico a observar de longe, não caio nessa!
Ela não volta, pisei em todas as cores de flores e todo o resto,
Fechei as portas, mas ando sem sossego, porque sei que ela está lá
disposta a me ter
e pronta pra não ser de ninguém.

Cavalheiro de fogo

Despindo-me às margens de um rio,
vestindo-me em véus de estrelas
nunca mais a espera tua,
meu cavalheiro de fogo!
Sentindo-me minha e nua, cada vez mais, minha.
Uma nova transparência
e uma vez dito ao vento,
o que é do vento que o vento leve.
Leve, pra sempre,
e eu para sempre clara e tua.

Qual o cerne?

Foi assim...
...entendi na prática.
Mas entendi!

Entendi que o cerne da questão,
é a minha capacidade de me amar.
De permitir que me amem.
A possibilidade de me reconhecer na reclusão
de saber quais espaços adentrar ou recuar.
Não percamos a razão, optemos pela criação!
Esse será o por enquanto, onde enlouqueceremos juntos.
Mas aonde pintar a loucura plena e pura,
distância pra manter a sanidade.

Novo de novo

Acreditas!
Porque eu posso acreditar.
Se te disse a que vim e o que quero,
se olhastes pra mim e eu translúcida,
então acho que veio e podes ficar.
Vai ficando e quem sabe, realidade?
Se me tocas, se me escutas,
se te importas, fica.
Quero, novo, quero de novo, quero permitir,
intenção, verdade, sorriso nos olhos,
Fica!

O erro mais bonito

Quando a vida me trouxe aqui
estava tão certa que seríamos o erro mais bonito
O acaso assim se cumpriu,
veio costurando nossos desencontros,
os descasos, as razões ilógicas.
Me fazendo e desfazendo, abrindo fendas e lacunas.
Descobrindo a paz, despindo o equilíbrio.
Andar na corda bamba...
Fui acreditando em mim, era só o que eu tinha nas mãos
na verdade era momento de dissociar
e nenhuma aproximação seria fato.
Na troca eu soube me resguardar
porque o sofrimento só vale pelo aprendizado.
Mas hoje sei que não vou voltar,
porque o presente já não é
e o futuro não me pertence.
Quem sabe tudo isso passe?
Quem sabe uma outra esquina,
num outro momento?
Assumi forma e sei por onde não devo seguir.
Continuo com uma louca certeza em mim,
mas essa força não tem alvo.
Como eu não vim ao mundo a passeio
aguardo que os ventos mudem os rumos.

20.4.10

Pactual

Quando essa chuva cai na terra
e se faz cheiro de capim molhado
depois sol manso na pele clara
e a brisa no rosto

Um sinal...
Sinal de vida sendo tranformada.
energia sendo gerada.
Assim me sinto

Pode dizer quem tem boca,
pode vir quem vier,
eu não abro a porta se não quiser
e vou peneirando pra deixar a luz entrar aos poucos
sem que possa ofuscar
tudo assim bem simples e muito complexo.

Um pacto, um elo em mim,
lá dentro,
que me faz gostar do que sou
Um passo atrás e consigo enxergar mais longe
Sou rio correndo...cada dia outro
Consigo me perceber aqui
e reconheço os laços dos sapatos
que fiz e desfaço e refaço.
Vejo meus passos
é o que levo da vida
é o que faço com meus próprios braços.

Esse espelho denúncia
sou o reflexo do encontro,
e ninguém me tira isso,
meu reflexo, minhas verdades.

Não quero as razões e sim as proposições,
as impossibilidades, as descobertas,
as desistências, os recomeços, a continuidade
as probabilidades, quero a intensidade
não me diga o que fazer,
mas se puder me convencer, tente...
estou sempre aberta a negociações,
as mais arriscadas, as mais tentadoras.

24.3.10

Intuição

Atenta a um novo movimento, um novo olhar sobre o todo.
Experimentando uma sensação cheia de vontade própria,
um momento de conciliação comigo mesma
e uma vontade de não morrer por enquanto...
Para ver o sol nascer todos os dias, e de novo e mais uma vez
porque esse é o plano e a vida é agora!
Esperando a luz de cada raio, para que tudo faça sentido por mais um dia.
Retomar o caminho que por um instante se tornou desvio.
Aceitando o outro, os erros, revigorando e me expondo em foco.
Canalizando o melhor e o pior de mim em via de mão única, um único sentido.
Religar os motores e deixar que tudo tome partido,
que se afinem os que de fato se aproximam para aditar.

Agora que tudo se abre em ases e que o sofrer é apenas crescimento,
a felicidade é apenas doação, as interseções se fecham em loco,
é aqui, a dimensão aonde volta a fazer sentido.

Em voltas que o mundo dá, perde-se para ganhar
e o mal se faz necessário para que se volte a respirar,
para abrir os poros porque exalar é preciso, é de dentro pra fora, constância.
É o que está gritando para ser expelido.
Quando a paz se instala num profundo reencontro,
quando o desequilíbrio encontra as verdades,
começa a se desenhar a essência, o invólucro é quebrado e o momento estável.
O sossego não mais incomoda e a busca cessa.
Aonde a sede é tanta que os goles inebriam e o prazer se aloja.
O que sou eu está, o que é meu em mim.
As inquietações não mais imaturas, nunca armaduras, as recebo e as concebo.
As marcas doloridas, mas dessa dor que constrói, desarma
e toda sinalização me faz mapa de rota,
sem fuga, sem selo, sem rótulo, sem manual.

Não mais a aceitação em tons de permissividade,
nem tão pouco a negação em cores rosa choque,
apenas o saber em tons pastéis, com palhetas de cores quentes para contrastar.
O que faz parte deste percurso, será resgatado a seu tempo,
porque o caminho é aquele por onde já passei,
mas o farei de forma diferenciada,
cada erro e acerto, todos outros,
para fazer sentido, para experimentar, para renovar
para acreditar, para aceitar,
para restabelecer a humildade o perdão e os ensinamentos do bem real,
aquele que me propus em algum ponto de onde conseguia enxergar
os resvalos, os descaminhos, os tropeços e ainda assim ser caminho de luz.

5.3.10

Labirinto

A ordem e a desordem de fatos e atos
é tudo atemporal na mais perfeita imperfeição.
Falar do que podemos controlar,
mas com as mãos abertas, estão livres as possibilidades.
O só sentir, a emoção, o não racional,
o não estar preparado para o que a vida apresenta.
Não era tudo pra já,
mas o daqui a pouco? Não existe mais.
As vitòrias e derrotas perante o amor.
E eu que já estou cansada deste lugar comum!
Porque tanta repetição?
Eu passo por aqui todas às vezes,
tantas vezes que já perdi a conta.
Não pode ser sem intenção
ou seja lá qualquer pré diposição
se é carnal ou espiritual
não consigo entender porque me sinto no tal espiral
nada passa longe de ser o que já foi, e volta a ser
quando espero conseguir projetar desejos, anseios,
talvez egóicamente não deixe a vida agir
me digo interiormente o que queria:
quem sabe mudar os personagens, sair da história
desistir, ter possibilidades de fazer diferente
A vida, há vida, há medo, o medo
mas agora tá tudo tão sem perspectiva,
presa nesse labirinto, só me bato contra as paredes
eu quis tanto e não consigo conceber
Conceber...sim, não consigo acreditar, mas não sei como desistir
Não me perdoaria se errasse o caminho que já trilhei
me sinto impotente, inoperante,
o presente, um milagre, mas que horas são?
Não faz mais meu estilo perder a hora.
Ser forte pelos outros e
deixar a minha história pra mais tarde!
Porque não fui forte antes?
Sempre patinando, sempre desejando e nunca realizando.
Eu não me permito jogar tudo água a baixo, não de novo!
Posso não ter outras oportunidades!
Ainda tenho as minhas mãos, eu posso fazer,
ninguém pode me dizer o contrário.
Não deixo mais ninguém me machucar
não deixo mais dizerem o que é bom pra mim
A intuição, tudo que vivi, o que senti
vou me deixar conduzir pelo que enxergo bem aqui dentro
sei que alcançarei um lugar onde poderei descansar
aonde nada será imposto,
lá será só vida, arte e recompensa.

15.1.10

Notícias deste lugar

Como andas?
Há quanto tempo!
E como fico feliz em revê-lo e sabê-lo.
Quanto às notícias? Ah meu amigo,
nenhum momento melhor para contar-te:

Ando enormemente tomada por um sentimento que por aí denominam "amor".
Mas não esse amor que andam falando as bocas. Não!
O amor que te falo, nada tem de mesquinho, castrador, egóico, possessivo.
Estou é comprometida! E posso lhe dizer que há algum tempo.
Mas é tão leve, que só o percebi há pouco...
É, percebi. Ele está em mim, o comprometimento. E eu nem sabia.
Eu comprometida? Ah, essa é boa!
Sim. E se é meu caro!
E é tão bonito, quanto é feio e é tanto que não se pode negar.
Posso lhe dizer, é como o escuro, não podemos enxergar o que vem depois,
mas não importa, porque é dentro, onde se interioriza o medo, se engole à seco, aonde precisamos acreditar na nossa verdade, porque é só ela que existe, ali, no escuro.
É isso! O medo!
É tanta realidade...na presença, no toque do corpo, no encontro das almas.
Chego mesmo a sentir medo! O medo da desproporção, do descontrole, o deixar os pudores, medo de acreditar, da falta dos limites e o medo de delimitar.
E eu sempre estou de volta, porque não sei ir, só voltar.
Sentimento, sentimento...que não acaba, rs, não acaba!
É o que está no coração, o que grita ao corpo, o que a mente cria, inspiração, desassossego e também a proteção, o toque, o afago, a respiração, o querer estar só pra ficar um pouco mais, o que não precisa de mais nada para completar, aonde os outros rostos se perdem e não fazem mais sentido. A verdade mais pura e ingênua.
O tosco!
A imagem da menina que quer se entregar, se perder, em troca de colo, de sonho...
Ah, posso te contar...por um sorriso, pela voz ao pé do ouvido, pelo beijo na face...Me ilumina, e fico, vou brincando de ficar.
E como sou mais quando estou neste lugar! A relação mais real que já vivi, a mais bonita, a mais intensa, que alimenta a mente.
Ando criando e com mais vontade de ser, de viver.
Nesse lugar em que me encontro, consigo amar o feio e me deleitar com o todo.
E é tanto! Se ao menos eu soubesse o quanto...
Fico a me observar e nem sei o que faço depois.
Depois?
Depois daqui, depois deste lugar.
Na verdade?
Nem sei se existe o depois.

Meu querido amigo, me despeço com pesar, mas lhe deixo estas notícias do meu despertar, onde volto a me reconhecer, aonde posso dizer-te que em outro momento melhor não poderia estar e fico feliz em compartilhar...

Lembranças aos seus...

10.1.10

A queda.

Como se nada pudéssemos contra o vazio
uma clausura em mim,
uma queda num escuro sem fundo, sem fim
o não poder, não ser, o não ter
O que há? O que se passou?
Para a renúncia, a oposição,
o paradoxo, a ingratidão
a inquisição, lenha na fogueira.

O que é então o amor ao rebento?
Um Produto? Efeito? Consequência?

Reação causal.
Uma força estranha que me deixou sem chão.
Quando o tudo que se é não representa.
É como se toda a existência,
que está voltada para a geração,
fosse apenas dispêndio de energia.
O esvaziamento se torna inevitável,
o esgotamento, o questionamento a todo o sentimento.

Onde está errado? Aonde o tal livro?
Em que página eu parei? Qual parte eu não li?

Se tudo é ingenuidade, é puro, só verdade,
então aonde o erro?

Enxuga minhas lágrimas e diz que é mentira.
Me leva pela mão, diz que me ama.
Te deito em sua cama,
me pede pra ficar,
Me abraça, não me deixa chorar.
Hoje eu sou a criança, aprendendo o que é o amar.
A vida é dura! Qual a parte que me cabe?
Hoje eu sou o seu erê, e você a alma velha
que me mostrou o abismo entre dois.
Não deixemos que ele se crie entre os lados,
que nada seja tão longe, que a profundidade não seja o escuro
Nenhum lugar de onde não possamos voltar.

Hoje? Tenho medo! Sou só o não saber.
Pra onde ir?
O querer estar e significar.
Só frustração!
O não entender, um embaraço, o receio, a mágoa.
Então me deixe aqui...
Preciso repor energias,
achar um novo caminho
que me ensine e guie ao plexo de nossas vias comuns.

3.1.10

FIM

Tudo na vida tem início, meio e FIM...
Que chatice!!!!!!!!!!
e Quem sabe um reinício...
Voltas e voltas e voltas
um espiral...
Ainda assim, hoje eu determino:
FIM