22.9.09

A lágrima que me lave

Sou um grão no universo, o sopro do acaso,
no tempo finito, de ser o agora.
Sei não do futuro!
Quero, a construção, a intuição
e a saudade da boa lembrança.

Por instantes, me zango,
me viro do avesso, o avesso do mundo.
me visto de nunca e choro...

...a lágrima que me lave
a promessa que não se cumpriu,
a palavra não dita,
o alvo que não se acertou.

Neste momento, o inacabado me diz,
o feio me arde, o grito me despe
É preciso abandonar os excessos
e achar o que falta.

Quando eu molhar os pés no rio
quero a paz da criança dormindo,
o sussurro quente no ouvido,
a carícia do vento na fronte.

Mas não me deixem adormecer e perder a hora
sem que os olhos tenham visto
e o coração pulsado fora de sintonia.

Quero a visão do louco,
o desassossego do desejo,
o caos da reflexão,
o acaso se cumprindo.