22.7.10

saber viver

Enquanto você não esteve, não consegui refletir
só queria diminuir os espaços.
Tive medo de mim e de você, mas não havia o que,
tudo era só o momento da ausência. De que?
Tudo tão bom na presença.
Saber lhe dar com o meu gostar, me permitir receber.
Era eu, ali constituída de vento e bolinhas de sabão,
Pouco palpável, mas era eu estendendo a mão e aceitando,
era tangível, era fato, era ato.

E você estava a me dizer gracejos e tirar sorrisos
e as tais borboletas no estômago
e os seus achegos, a nossa respiração.
Pra que dificultar? Porque Machado já dizia: "os espinhos têm rosas."

A queda

Por vezes, a venda nos olhos quando retirada,
revela o que você podia pressentir mesmo enquanto atada.
E que os laços afrouxam, isso se aprende desde criança
e mesmo assim corremos com os cadarços desatados.
Corremos tanto contra os riscos do desconhecido.
E a queda.
Crescemos e continuamente, corremos...
E caímos!
Mas é assim, senão como aprender a levantar?
Quando lembramos de olhar os laços e estão frouxos, a lágrima, a criança, a queda...então choramos.
Mas e a venda? E a vida?
Sim! A ingenuidade, perdida!
A emoção, os laços, a criança, agora olhando pro mundo, pro caminho,
agora correndo, com medo dos riscos, do desconhecido.
A queda...e continuamente, corremos...

7.7.10

Deixo dito

Ei, acho que perdi, perdi sim,
não sei bem aonde e nem quando.
Troquei? Dar seria demais!
Era meu, não era de ninguém! Não tirei de ninguém!
Não sei qual a utilidade se encontrarem,
mas também não é coisa que se devolva,
ou simplesmente de volta ou espaço vazio.
Também deixo dito: - Não escrevo mais!
Qual a graça da escrita pela escrita,
sem inspiração, sem intuição,
sem respiração, sem transpiração.
Não, não quero mais!

Encontro

Dia desses me lancei , me deixei, me joguei no mar.
Pra sentir o sal, perceber o sol e o marear.
Pra deixar lavar, a alma quarar, a mente aquietar.
Eu rodei na areia e arrastei a saia até serenar
e te percebi, a me refletir, a me desejar.
Quando a lua viu e tirou a minha vida e a sua pra bailar.
Hoje o dia vem e a noite vai e eu só sei rezar,
peço a Deus do Céu pra que não me tire desse seu olhar.

1.7.10

Pra que juízo?

Não consigo saber desencontro, onde te encontro
e nesse encontro tudo é verdade,
até quando calas os nossos olhos, janelas das almas, falam!

O ar me falta quando há ausência,
e na presença quase sufoca.
E se me tocas perco o juízo e não quero mais achá-lo.