15.3.12

Pressentimento

Uma força de repulsão me tirou do eixo e me jogou no mundo.
Fui determinando meus caminhos sem perceber ou enxergar aonde iriam dar.
Em muitos momentos me sentia num vácuo sem fim,
apenas caindo, indo de encontro ao nada.
Desconhecendo o destino mas pressentindo,
como uma inteligência emocional adquirida ao longo do percurso,
como se uma voz no vento me soprasse: segue!
E permitindo estes meus impulsos sempre intensos, segui.
Por muitas vezes a venda aos olhos e o escuro proporcionado me angustiavam o peito,
mas mesmo de olhos fechados, uma claridade interior e uma mão me amparavam.
Ela sempre esteve comigo, como a mão que descreve Clarice em "A paixão segundo G.H.".
E quando e sempre que ela se solta de mim, estou no lugar em que deveria estar.
Não que eu a possa soltá-la ainda, mas nesse exato momento, um flash,
e pude entender que eu fiz o que precisava,
que os caminhos estão fluindo em direção àquela luz interior
e que eu só posso contemplá-la, de olhos fechados.
Um milagre, uma lágrima e aquela neblina cerrada que não permitia a visão do destino, está se abrindo.
Os dias estão mais belos, e coloridos, e plenos,  e cheios de amor,
e voltam a fazer sentido depois desta longa estiagem,
depois desta curva, desta brisa na face, do ar fresco nos pulmões.
Hoje, esta luminosidade é tão menos ofuscante e mais reconfortante.
E o calor de colo, de abraço, dos corpos enlaçados
e este cheiro de mar, da sua pele, da nossa casa quando retornamos a ela
o sentimento do afago, do abrigo, dos teus braços, do ventre materno...e eu volto pra lá e espero.
Espero cada dia como se fosse único, espero por mim, por você, pela vida.
Estou tão resguardada, tão segura e confiante de que estou chegando ao ponto em que
largarei mais uma vez esta mão amiga...para estar no meu lugar!
Que venham estes dias! Não tão depressa que eu não possa curti-los,
mas que venham únicos e que me levem devagar daqui.
E eu ? Aprazivelmente, como nunca antes me concedi, acredito, aceito e espero!