13.9.12

E se quiser saber de mim...

Mais alguns dias para o recomeço
e que este infinito particular me sorva e me salve.
Toda essa percepção que de tanta dói
e mesmo assim eu me arrisco e me lanço nestes mesmos abismos.
Escutei que as linhas nas palmas de minhas mãos eram de vida com muitos cortes, fins e recomeços.
E eu que só queria a eternidade de um amor intenso como a chama.


Peço que a loucura me livre de toda essa realidade, de toda essa existência.
tantas vida ao meu redor e eu me percebendo cada dia mais só.
Sinto todo o vazio das palavras não ditas e o frio da distância entre o que sou e o alvo pretendido.
Esse retrocesso constante onde o meu esforço se cansou de tentar reverter os intervalos de duas vidas.

Todo o amor que me transpõe
não tem o tamanho suficiente para te fazer permanente
porque você não faz questão de estar
Sua presença é vulto e você não toma pra si o que te dou
Eu sou efervecência e a minha sobra está sempre transbordante


É tudo tão meu e tão incompreensível para o mundo que gira sem parar e sem saber de mim.
Estou buscando forças, porque estou em estado de semente, mas em breve irromperei a terra e brotarei em flor e fruto.
E se quiser saber de mim? Que me inspire, que me trague, que me toque, que me sinta...
ou me deixe passar porque sou estação, sou fase...
E não corra o risco! Não me experimente! Porque sou volátil, mas também sou indelével!

18.5.12

Meus votos

Parece que foi ontem que cruzei o seu olhar
meio sem querer, meio sem saber, meio sem olhar.
E eu que não acreditava encontrei ao seu lado o meu lugar,
o nosso ninho e esse amor.
Foi no seu abraço que encostei a minha vida,
que encontrei o meu destino
e hoje só sei viver em suas proximidades
e ser em sua companhia
Parece que foi ontem, que voltei a sonhar
e que acreditei que o meu príncipe encantado
que viria me buscar montado em um cavalo branco era real.
E eu nem pensava em te amar desse jeito.
Hoje sou muito mais mulher,
sou inteira, mais verdade.
Que todos os anjos aqui presentes,
e sabemos que eles vieram, abençoem a nossa união,
essa família linda e o fruto desse nosso amor, nosso filho.
A palavra especial, não define a pessoa que tenho ao meu lado,
um homem sensível, de caráter indiscutível,
amigo, amável, que tem um coração de menino,
uma alma pura e clara que eu tive o prazer de conhecer e compartilhar.
"Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida."

17.5.12

Antes do não

Agora se fez um silêncio inerte, aonde corpos dormem enquanto almas vão passear.
Mas em mim, há um burburinho de mesa de bar,
muitas vozes, ao mesmo tempo, descompassadas, descompensadas
que não se entendem ou não se importam, mas falam assim mesmo, sem parar.
Há um desalinho e pouca calma em um momento de aviso sísmico,
e em mim tudo é esbarramento, desordem, apressamento.

E nesse misto de sensações, tenho a percepção de como nos perdemos sem saber,
do que queremos sem de fato querer.
E por fim, o que deixamos pra trás sem perceber que a estação mudou. 
Nessa correnteza abrupta, que nos retira da inércia à força,
passamos pela vida, sem a vivenciarmos. Apenas passamos.
E como diria o coelho da Alice:
"Não posso parar, estou atrasado, muito atrasado!"

Enquanto tentávamos alcançar a estante de cima na ponta dos pés
e nos equilibrávarmos nos enormes sapatos de nossos pais e espelhos,
se ia a ingenuidade da infância, assim sem querer.
E depois, se ia o aventurar da adolescência,
enquanto esquecíamos de traduzir o fugir em emoção e o impossível em ação.
Enquanto tentávamos em vão, não sermos tolos românticos, ou caretas nostálgicos.

Dias passados, notamos que as cores se foram, e que estamos sem brilho, sem luz...
E no espelho, agora encontramos senhores capitalistas e donos do imenso vazio que instauramos.
Estamos à beira de nós mesmos,
tentando fugir do nada, pra lugar nenhum,
num mundo de burocracia onde o coração perdeu a prioridade.
Onde deitar no campo e olhar o sol se pôr  já não se chama viver.
Então percebemos que deveríamos ter sentido, chorado, amado, vivido bem mais.

Hoje digo não a esse turbilhão,
que calem-se as línguas cansadas,
é hora de ouvir esse velho coração.
Antes que seja ele a dizer não.

15.3.12

Pressentimento

Uma força de repulsão me tirou do eixo e me jogou no mundo.
Fui determinando meus caminhos sem perceber ou enxergar aonde iriam dar.
Em muitos momentos me sentia num vácuo sem fim,
apenas caindo, indo de encontro ao nada.
Desconhecendo o destino mas pressentindo,
como uma inteligência emocional adquirida ao longo do percurso,
como se uma voz no vento me soprasse: segue!
E permitindo estes meus impulsos sempre intensos, segui.
Por muitas vezes a venda aos olhos e o escuro proporcionado me angustiavam o peito,
mas mesmo de olhos fechados, uma claridade interior e uma mão me amparavam.
Ela sempre esteve comigo, como a mão que descreve Clarice em "A paixão segundo G.H.".
E quando e sempre que ela se solta de mim, estou no lugar em que deveria estar.
Não que eu a possa soltá-la ainda, mas nesse exato momento, um flash,
e pude entender que eu fiz o que precisava,
que os caminhos estão fluindo em direção àquela luz interior
e que eu só posso contemplá-la, de olhos fechados.
Um milagre, uma lágrima e aquela neblina cerrada que não permitia a visão do destino, está se abrindo.
Os dias estão mais belos, e coloridos, e plenos,  e cheios de amor,
e voltam a fazer sentido depois desta longa estiagem,
depois desta curva, desta brisa na face, do ar fresco nos pulmões.
Hoje, esta luminosidade é tão menos ofuscante e mais reconfortante.
E o calor de colo, de abraço, dos corpos enlaçados
e este cheiro de mar, da sua pele, da nossa casa quando retornamos a ela
o sentimento do afago, do abrigo, dos teus braços, do ventre materno...e eu volto pra lá e espero.
Espero cada dia como se fosse único, espero por mim, por você, pela vida.
Estou tão resguardada, tão segura e confiante de que estou chegando ao ponto em que
largarei mais uma vez esta mão amiga...para estar no meu lugar!
Que venham estes dias! Não tão depressa que eu não possa curti-los,
mas que venham únicos e que me levem devagar daqui.
E eu ? Aprazivelmente, como nunca antes me concedi, acredito, aceito e espero!

27.2.12

O que EU "também" não entendo, mas até posso compreender.

Posso não entender e ainda assim compreender o que é necessário ao outro.
Não entender passa muitas vezes pelo centro do ego.
Tento fazer com que faça sentido para o todo,
mas são tantos egos, que tentando excluí-los, não sobra muita coisa
Então no final das contas sempre resta um,
e é bastante solitário, até que se entenda que um mais um será sempre dois.
Amantes serão sempre amáveis, mas serão também indivíduos únicos e cheios de si.
E a solitude nem é uma prisão...é uma reclusão. O eu aprendiz! 

Reparando bem, sejamos práticos, sem essa de sentimentalismos baratos,
amor não tem nada haver com álgebra,
o amor tem haver com o que não faz sentido, com o que não cabe,
com o que se mistura e não se divide, não é racional, não é lógico.
E quando entram as operações, nossa! Adeus romantismo!

25.2.12

Retiro

Me retiro desta etapa, destes vícios, destes dias vindouros.
Só por este momento me recolho do fim, para que haja o recomeço.
 E que seja longo se for preciso, pois curto será para o quanto preciso.
Saio agora para olhar de fora os arredores e procurar por terrenos férteis.
Preciso plantar, para que a colheita não tarde.
Me retiro de você e dos demais, me retiro de mim.
E se tudo está tão turvo, vou buscar um pouco de luz.
Se as vestes não me servem, deixo-as por aqui a quem servir.
E se vocês não me encontrarem, percurso cumprido.
Estarei aonde os olhos não possam ver, me retiro.
Vou tratar meu coração que precisa da chama intensa,
vou tratar da minha mente, que precisa ser meu receptor e transmissor,
vou cuidar da minha alma, para estar forte e pronta para a doação
Um silêncio, uma pausa...
Quero deixar algumas páginas em branco, volto para escrevê-las mais tarde, um pouco mais tarde!

12.1.12

Companhia

Eu sabia viver quando era eu a ir...
Um ser "só",  pode caminhar na direção em que o nariz apontar.
E eu que sempre quis e fui só, fiz minhas escolhas. Tive acompanhantes pelo caminho.
Ônus? Bônus? Só eu a saber. E pra que mais alguém?
Antes, as necessidades dos outros sempre me invadiram territórios, sem que eu levantasse barreiras.
Os julgamentos nunca tiveram limites. Isso "antes"! Mas agora, da porta pra fora.
O dito pelo não dito? Antes o grito!! Porque calar já não é mais...dá cancêr!
Um dia acordei e resolvi transgredir a oferta de ser o que se quis ver e me tornei o avesso, o que faz mal pra vista, o que desassossega, o mal polido.
Topei as dores em troca de toda a verdade que eu pudesse suportar. E me perdi do eixo.
Era só sentir o sangue correndo nas veias e arrepiando os poros. Apenas deixar os sentimentos virem e por vezes sufocar o peito. A mente me prega peças, trabalhando sem parar o consciente e me dizendo no inconsiente verdades sobre meus medos e defeitos.

Um dia, tentei ser companhia, até me sai bem no ato, mas o fato é que nas opções me perdi.
Aonde o erro? Percebi. Nunca antes soube "aceitar" companhia. Espaços, tempo e planos eram roterizados e intensificados de acordo com o clarear do dia, a intensidade dos raios do sol e com as fases lunares.

Ainda que impelida por forças paradoxais, sigo tentando me manter de pé e achar o um lugar entre os meus extremos.
Hoje sei que a lama nunca foi o meu lugar, mas me deixei afundar e provar dos subterrâneos, me preparei para os escuros dos meus porões me esmerei em curtir o frio absoluto de minha alma.
O tempo foi cumprindo seu papel e de tanto sofrer fui percebendo a mutação, trocando a pele, me permitindo corar ao sol, aquecer o sangue.

E aí, você passou me oferecendo vida, a sua vida.
E eu? Me dei equlíbrio, mudei o estilo, reconstrui base e aceitei a parceria.
Te fiz companheiro, confidente e me refiz em harmonia.