13.10.09

Acasos em casos

Preenchendo os vazios

Escrever, abrir os caminhos da mente, encher o vazio de vida, de verdades fantasiadas e devaneios se materializando em traçado.

Vontade de dizer, de externar, de apontar naquela direção. Anseio de fazer figurar, de tornar o prazer palpável e se conceber invisível. Deixar, despir, se descobrir. Revelar, assim como captar a imagem da foto, captar a luz, a forma, a cor.

Assim: os traços bailando na mente, vão tirando a sensação pro salão e requebrando as formas, até mostrarem a arte, o todo.

Escrevendo torto por linhas retas

Se me fosse dado o direito ao torto, ah vida, se fosse tudo direito o torto não teria graça! E se fosse antes torto? Quais descobertas? Aonde as respostas? Se não as perguntas. Entendo agora, o direito inexiste e tudo sempre foi por um triz. O torto, ah, o torto, nem é tão torto assim!

Libertas Quae Sera Tamen

Acho que sei, os caminhos são livres e se apresentam para que nós ponhamos os pés nele, pra sabermos da mão e contramão, mas os pés acorrentados não podem ir, nem vir, acho que por isso sempre quis asas, pra escapulir mais rápido. Depois, te digo, e pode acreditar, de cima é tão mais fácil entender um complexo, de cima, temos o cenário e o espetáculo fica melhor acabado.

Medo de escuro? Eu?

O escuro? Não é que eu tenha medo! Mas não gosto dele. Com os olhos abertos, quero ao menos a meia-luz, o feitio, o contorno, a distinção, a aparição, quero tom, nuance, gradação. O escuro fica pros olhos fechados, pro outro lado, o lado de dentro e o lado do além-mundo. Com os olhos fechados o escuro sempre se veste de poesia, se faz de filosofia, me pega do avesso e vira de ponta a cabeça e no repente do minuto é aonde a intuição rebenta. Nesse outro instante, o do sonho, o momento imaterial , sei que vivo, estou e sinto.

O personagem

E assim, vou mutando, e de todos os personagens o que mais gosto? O que é incorpóreo, e corre sob as águas e paira pelo campo dourado, do que é só sentimento e não precisa da pele pra sentir, do que conhece e se reconhece, do que é informal, casual, não pede licença. Do que é atemporal e transcende.

Licença poética

Sabe... me dou o direito ao verso vivo, o que vai além do que sou, de onde vou, porque é nele que embarco pra outras narrativas, e sabe do que mais, é também com ele que me desnudo, rasgando a vestimenta gasta e assumindo novas roupagens, me dou o direito a uma ou outra licença poética, sendo pouco humilde, aonde me digo poeta, pois ainda prefiro o que se rabisca, A forma, ah, essa é lá melódica e me soa música aos ouvidos e de música eu gosto! Mas a vida, essa é incidência imediata, que se segue! E onde estava o presente já era. Passado. E o futuro? Nem é mais! Agora. Presente!

Espiral

Sou responsável pelas linhas, e até as admiro por vezes, outras não! Mas não sou tudo isso, ah, isso não! Nem és tu o que dizes! Mas deixa. Quem quer saber? Só não me tires, não me julgues, são idéias! Podem passar, podem crescer, tomar corpo ou desvanecer.
Podem compadecer ou dar as mãos a outras tais mais... e aí meu caro, nem eu sei e quem vai saber?

Passageiro


Sentir? Sei sim. Do amor sou passageiro constante! Estou sempre enamorando, amo o que cativo e aonde transformo com as próprias mãos, amo os compassos do coração e os devaneios da mente, amo o que está e o que ainda não veio, amo as afeições, as afinidades e o distante, amo o que seduz, o que encanta, e o escuro dos meus porões, a lua em suas fases e os raios de sol na fronte, amo o movimento de ser a todo momento quem de fato sou e amo a descoberta. Amo o desequilíbrio que desconstrói para o recomeço. Amo as tatuagens e as cicatrizes. As cicatrizes, ainda me doem de quando em quando e sempre quando muda o tempo. E as tatuagem, quero e as levo na alma!


Por que ainda aqui?

Não me permito ser água de poça, quero ser rio corrente. Sigo em busca de nova direção. Não precisa vir comigo! Estou lhe permitindo ser, me deixe ser então! Te cedo os espaços e isso pode assustar... mas vale a pena! Ou o sabor da conquista ou a escolha pela desistência, ainda há tempo! Enquanto assumo as minhas posições e questiono outras opções.

Relativizando

Se o certo não é certo, e o errado não é errado, eu estou no relativo! Relativamente, estou encontrando “perguntas” para respostas que me surgem de variáveis intermináveis. E desta forma, vou movimentando o cíclico curso da reflexão. A constância do processo de confronto incessante de idéias e projeções é uma tarefa demasiadamente árdua e paradoxalmente aprazível para mim. No encontro de mais de um intelecto, sempre há uma lapidação, no encontro de duas vidas, há encontro e sempre uma interseção...e no “acaso”...um Deus e um diabo ao mesmo tempo.