22.3.11

Ninho

Uma vontade louca de enroscar perna com perna e as roupas no armário.
Desejo enorme de ser dois em um mesmo tempo. E de ser mais.
Falta de poesia e a realidade do jeito que ela vem, crua.
Um coração pulsando e cansado de bater pra si.
E esse dia que não tem fim e nunca que se dá outro "clarecer"!
Liberdade que me grita: Mais alma! Mas que quer se prender a outra calma.
Alma que quer ser gêmea, e um peito pra se aninhar.
Pra chegar foi preciso partir. E se tiverem partidas mais?
Outras mais, pra que se achegue o amor se não chegou
e se já chegou e se não se for.
Se me vem esse vento, pra dizer do momento,
que eu tanto anseio, clareio como luz de luar,
como raio solar, sou a prata no mar.
Ai, se me vou não volto lá, como quero ficar
e esse tempo que não faz, nem desfaz, mas se me traz, nunca mais
nunca mais vou ser só, "só" de só mais um,
"só" de solitude, "só" de só isso e nada além.
Já são tantas partidas e chegadas,
quero porto, quero ninho, quero aconchego de colo
ser criança dormindo sob o olhar dos pais
quero ser sonho bom, sem precisar acordar
cheiro no cangote, cafuné pra ninar
ser amor pra se amar.