19.4.11

Sensorial

Ficava ali esperando os dias, porque agora sentia que de tanto ser concreta, de tanto delimitar, se perderá e desconhecia até seus próprios espaços.
Pra que tantos planos se os panos se desgastam com o tempo?
Queria mais destino e menos tracejos, mais gracejos.
Observar os encantos e estes estavam em achar formas nas nuvens, no sopro da brisa lambendo a face. No faro e no sal dos sabores, no tato e em ver campos e flores.
Porque o prazer, estava em sentir o corpo, em ir buscando na rigidez dos músculos as tensões do dia e depois, encontrar um caminho até o eixo e retornar ao equilíbrio.
O exercício de ser, hoje lhe era sensorialmente ofertado, ao perceber as nuances das cores, a energia da áurea, os vôos da alma em busca dos sonhos, das sutis mensagens que por vezes se perdem sem serem traduzidas.
Não queria mais o decorrido, nem a exatidão do momento agora, só pensava em transgredir, se olhar de fora, sentir o coração e seus ritmos. Queria o que viria e isso era leve, deixando adentrar pelos poros, pela respiração, lentamente como melodia doce, como poesia mansa.
Agora ela podia aceitar e agradecer sua nova vereda, porque aprendera a olhar pra dentro, a enxergar de olhos fechados.

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